Editorial sobre o jornalismo em Cabo Verde
Parece curioso mas é a mais pura verdade, em
Cabo Verde existe um jornalismo, mas não existe o jornalismo cabo-verdiano, o
que existe é um jornalismo voltado para os poderes político-económicos, ou seja
o jornalismo praticado em Cabo Verde é muito politiquês.
Não podemos falar em
jornalismo cabo-verdiano, porque ainda não somos, suficientemente capazes de
pensar pelas nossas próprias cabeças e andar com as nossas próprias pernas.
O problema maior no nosso jornalismo brinda com o comprometimento dos profissionais da comunicação social com o sistema de interesse estabelecido no seio da classe, tendo como pano de fundo, a cumplicidade do Governo. Por isso, enquanto não atingirmos o patamar de autonomia cognitiva e demarcar da promiscuidade com os poderes, não podemos falar rigorosamente em jornalismo cabo-verdiano.
O problema maior no nosso jornalismo brinda com o comprometimento dos profissionais da comunicação social com o sistema de interesse estabelecido no seio da classe, tendo como pano de fundo, a cumplicidade do Governo. Por isso, enquanto não atingirmos o patamar de autonomia cognitiva e demarcar da promiscuidade com os poderes, não podemos falar rigorosamente em jornalismo cabo-verdiano.
Temos um jornalismo, em que os princípios da
ética e da deontologia da profissão são sistematicamente violados em prol dos
interesses dos poderes. Contudo, informar, ser informado e informa-se, requer
um exercício intelectual para o qual os nossos jornalistas não estão
habituados.
É
de realçar que a classe jornalística cabo-verdiana conta hoje, com um número
bastante significativo de profissionais com curso superior em Jornalismo,
Ciências da Comunicação ou simplesmente Comunicação Social, mas ainda assim,
continuamos a conviver e viver, sobretudo na televisão e na rádio públicas, com
um jornalismo precária e fortemente influenciado por outrem. Nas estações do
estado que temos em Cabo Verde, são os comissários políticos colocados
estrategicamente que determinam o conteúdo informativo que os cidadãos devem ou
não ter acesso, ou seja as pessoas ficam limitados a terem informações, ouvem e
vêem somente aquilo que os outros querem.
Cabo
Verde tomou a sua independência há muito tempo, mas o fantasma da censura
permaneceu e continua ainda a ser exercido no país principalmente dos órgãos de
comunicação social.
O
que falta ainda em Cabo Verde é um órgão de comunicação social especializada, visto
que no país existe um jornalismo bastante generalista, ou seja , um jornalismo
que trata de tudo um pouco, mas nada em profundidade, isto é, este
modelo de fazer jornalismo é como uma
«clínica geral».
O
jornalismo em Cabo Verde deveria dar mais enfâse as problemáticas socias que
afligem a sociedade e que estão a pôr em causa a vida dos cidadãos, em vez de cobrir
tudo e quaisquer actividades feitas pelos políticos.
O que falta no país é um jornalismo cívico:
O
jornalismo não deveria limitar-se a olhar para a superfície, mas aprofundar
questões e identificar às causas dos problemáticos comunitários, concedendo
maior atenção a soluções moderadas do que às extremistas.
Esta
perspectiva envolve uma crítica às rotinas profissionais: A regra do ouvir os
dois lados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário