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terça-feira, 19 de junho de 2012


Editorial sobre o jornalismo em Cabo Verde
 Parece curioso mas é a mais pura verdade, em Cabo Verde existe um jornalismo, mas não existe o jornalismo cabo-verdiano, o que existe é um jornalismo voltado para os poderes político-económicos, ou seja o jornalismo praticado em Cabo Verde é muito politiquês.
 Não podemos falar em jornalismo cabo-verdiano, porque ainda não somos, suficientemente capazes de pensar pelas nossas próprias cabeças e andar com as nossas próprias pernas.
O problema maior no nosso jornalismo brinda com o comprometimento dos profissionais da comunicação social com o sistema de interesse estabelecido no seio da classe, tendo como pano de fundo, a cumplicidade do Governo. Por isso, enquanto não atingirmos o patamar de autonomia cognitiva e demarcar da promiscuidade com os poderes, não podemos falar rigorosamente em jornalismo cabo-verdiano.
Temos um jornalismo, em que os princípios da ética e da deontologia da profissão são sistematicamente violados em prol dos interesses dos poderes. Contudo, informar, ser informado e informa-se, requer um exercício intelectual para o qual os nossos jornalistas não estão habituados.
É de realçar que a classe jornalística cabo-verdiana conta hoje, com um número bastante significativo de profissionais com curso superior em Jornalismo, Ciências da Comunicação ou simplesmente Comunicação Social, mas ainda assim, continuamos a conviver e viver, sobretudo na televisão e na rádio públicas, com um jornalismo precária e fortemente influenciado por outrem. Nas estações do estado que temos em Cabo Verde, são os comissários políticos colocados estrategicamente que determinam o conteúdo informativo que os cidadãos devem ou não ter acesso, ou seja as pessoas ficam limitados a terem informações, ouvem e vêem somente aquilo que os outros querem.
Cabo Verde tomou a sua independência há muito tempo, mas o fantasma da censura permaneceu e continua ainda a ser exercido no país principalmente dos órgãos de comunicação social.
O que falta ainda em Cabo Verde é um órgão de comunicação social especializada, visto que no país existe um jornalismo bastante generalista, ou seja , um jornalismo que trata de tudo um pouco, mas nada em profundidade, isto é, este modelo de fazer  jornalismo é como uma «clínica geral».
O jornalismo em Cabo Verde deveria dar mais enfâse as problemáticas socias que afligem a sociedade e que estão a pôr em causa a vida dos cidadãos, em vez de cobrir tudo e quaisquer actividades feitas pelos políticos.
O que falta no país é um jornalismo cívico:
O jornalismo não deveria limitar-se a olhar para a superfície, mas aprofundar questões e identificar às causas dos problemáticos comunitários, concedendo maior atenção a soluções moderadas do que às extremistas.
Esta perspectiva envolve uma crítica às rotinas profissionais: A regra do ouvir os dois lados.



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